segunda-feira, 14 de abril de 2014

Paciência: coragem de sofrer e esperar


Raramente a psicologia faz considerações sobre a paciência. Freud, por exemplo, nunca fez nenhuma referência a ela em toda a sua monumental obra. E, no entanto, a paciência é uma das virtudes necessárias, ou até indispensáveis, no relacionamento com os outros e também consigo mesmo.


Já houve quem dissesse que a paciência é a mais heróica das virtudes, justamente porque aparentemente não tem nada de heróico. Com efeito, nem todos conseguem vivê-la, mas somente aqueles que sabem vencer a si mesmos. Não por acaso um dos obstáculos mais frequentes para se ter o bom humor é exatamente a impaciência. Esta última é muito bem expressa por um ditado chinês: “Vê-se um ovo e já se quer ouvi-lo cantar”.


Segundo uma definição que eu considero a mais acertada, a paciência é a coragem de sofrer e de esperar. De saber esperar o momento certo para dizer a própria ideia, para interferir, para julgar, para se lamentar, para agir. E de saber sofrer (do verbo latino “pati”, donde o nome “paciência”).


Mas é também a arte de ter esperança, de perseverar de modo confiante, sabendo que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, que a folha de amoreira se transforma em seda, que cada coisa tem o seu tempo.


Realmente, é assim. Na vida, qualquer coisa que tenha valor requer paciência. Pensemos nas coisas que consideramos importantes: o relacionamento com o cônjuge, com o chefe no trabalho, com os amigos; a tarefa de criar os filhos, de aprender a tocar piano, de conquistar um título ou um diploma. São coisas que exigem, todas elas, tempo e dedicação para serem realizadas.


A natureza também é assim. Basta ver quanto tempo as forças naturais necessitaram para executar o seu trabalho! O famoso rio Colorado precisou de milhares de séculos para esculpir a sua majestosa escultura, o Gran Canyon. Foram necessários milhões de anos para que as belíssimas Cordilheiras dos Andes se formassem…


E quando tentamos realizar algo que seja realmente muito importante, raramente obtemos sucesso na primeira tentativa. Abraham Lincoln perdeu quatro eleições antes de se tornar presidente dos EUA. Thomas Alva Edison fez ao menos duas mil tentativas antes de conseguir bons resultados com a lâmpada elétrica.


A paciência consigo mesmo é a capacidade de esperar e de resistir, de suportar as contrariedades, de dar um passo após o outro, de levantar-se continuamente após a queda, de recomeçar sempre. Enquanto que, ter paciência com os outros, significa conceder-lhes tempo: tempo para falar, para aprender, para experimentar, para se justificar, para crescer, para devolver…


Muitas vezes o pedido de compreensão e de perdão pelo passado e a declaração de confiança no futuro exprimem-se dizendo, assim como o servo naquela passagem do Evangelho: “Tenha paciência comigo”. Por esta razão a paciência é a virtude fundamental de todo educador ou educadora.


Além disso, a paciência nos permite enfrentar tudo o que a vida apresenta de nebuloso, de insípido, de monótono, fazendo-nos abraçar sem maiores dramas a verdadeira realidade dos fatos. Não existe profissão que seja todos os dias fantástica, interessante, atraente, que nunca teve ilusões


Quem não sonhou com grandes realizações e cargos importantes? Por exemplo, o estudante de medicina, que sonhou com extraordinárias curas de raros casos clínicos e, mais tarde, como médico, deve ocupar-se de resfriados banais e de meras indigestões. Como o seminarista, entusiasmado durante anos a fio com a possibilidade de converter grandes pecadores, e que depois, como sacerdote, fica escutando quase que exclusivamente os quatro ou cinco monótonos pecados dos seus habituados fiéis. 


Como o jovem advogado que, levado pelas asas da fantasia, imaginou pronunciar discursos inflamados no tribunal e acaba mergulhando na realidade das montanhas de papéis sem vida. E assim por diante…


Na cultura ocidental, o homem se tornou um ser inquieto, prepotente e intrometido; enquanto que a mulher mantida mais à parte, pôde acumular, sem querer, um tesouro de paciência. Talvez é neste sentido que se devem compreender as misteriosas palavras de Catarina de Sena: “A paciência vence sempre. Ela não será nunca derrotada e será sempre mulher”.


E, para concluir, vejamos o que diz Leonardo da Vinci sobre a melhor atitude a assumir quando somos atacados, criticados ou caluniados pelos outros: “Diante das injúrias, a paciência causa o mesmo efeito que os agasalhos diante do frio. Porque, se multiplicares os agasalhos conforme o aumento do frio, esse frio não te poderá fazer mal algum. Do mesmo modo, nas grandes injúrias, faz crescer a paciência, e as injúrias não poderão ofender a tua mente”.


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Fonte: Pasquale Ionáta em www.comshalom.org. Imagens da Internet. Grifos nossos

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